sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Xadrez - Salesiano












Fonte: http://www.dnoticias.pt/impressa/revista/193709/195759-invulgar

O salesiano João Vieira considera a Matemática 'ciência divertida', ajudada pela actividade xadrezista.

Não há estatística feita que o possa comprovar, mas não estaremos longe da realidade se escrevermos que grande parte dos madeirenses que sabem jogar xadrez aprendeu por influência do Padre João Vieira. Nascido em Alburitel, uma localidade a 16 km de Fátima, no concelho de Ourém, distrito de Santarém, a 15 de Fevereiro de 1927, chegou à Madeira, 'no Carvalho Araújo, após 34 horas de viagem', a 20 de Setembro de 1958, já salesiano.
Nas 'Artes e Ofícios' ensinou Matemática e sempre procurou incutir o gosto pelo xadrez. 'Tive o desejo de conhecer mais, e isso levou-me a procurar desenvolver o gosto pelo xadrez, ir mais além do simples jogo de 'damas' que era comum na minha aldeia e mesmo no Seminário', explica João Vieira, que acrescenta outro dado importante. 'O xadrez exige uma grande concentração e eu, nas minhas aulas, aconselhava os rapazes para o praticarem, e a verdade é que muitos melhoravam na Matemática.' Autodidacta, amante do xadrez sem influência de quem quer que seja, João Vieira sente orgulho ao ver os alunos das 'Artes e Ofícios' empenhados na modalidade. 'Já foram mais, é verdade, mas mesmo assim ainda contamos aí com mais de 30 na prática regular', revela, dando conta de que o calendário competitivo interno inclui o Torneio Suíço, o campeonato e a taça. 'Os novos jogos que agora há por aí não impedem o xadrez', ressalva João Vieira que, curiosamente, retirou dos ouvidos o auricular do seu... MP3!
Mesmo distante dos tempos em que a Escola Salesiana encheu o Largo da Restauração para 'simultâneas' ou do confronto com o mestre Joaquim Durão, a actividade xadrezista 'está bem'. No final deste mês uma delegação madeirense estará no Estoril, disputando os Jogos Nacionais Salesianos.
Contrariando a tese de que o xadrez é uma modalidade difícil - 'importante é ensinar os primeiros passos, os movimentos das pedras' -, João Vieira também 'puxa' pela Matemática. 'Exige ter um bom profissional à frente, sendo importante incutir ao aluno a noção de que se trata de uma ciência divertida.' 'A Matemática é uma chave que ajuda a abrir muitas portas', salienta João Vieira, dito 'madeirense de alma e coração', 'feliz' pela sua vocação salesiana, entregando-se à sua educação. 'Gosto de vê-los crescer', afiança o pedagogo, mestre de xadrez.

Xadrez na nossa ilha!












Fonte: http://www.dnoticias.pt/impressa/revista/193735/196257-fora-de-servico

Medeiros Gaspar foi campeão regional e colabora no 'regresso' da modalidade.



Tudo começou quando a mãe de um vizinho encontrou um jogo de xadrez, a arrumar um quarto. Medeiros Gaspar tinha então dez anos e nem sabia mexer as peças. Aprendeu rapidamente e tornou-se num dos jogadores mais empenhados da vizinhança. Um 'vício' que mantém até hoje.
'Naquela altura, no meu grupo de amigos, as coisas eram por febres. Jogávamos um mês inteiro de 'monopólio', de manhã à noite. Depois foi o 'Spectrum' [Nota: computador rudimentar da década de 1980] e por fim o xadrez', recorda o deputado do PSD.
O facto de ser um miúdo 'eléctrico' terá sido um dos motivos que levou a mãe a comprar-lhe um livro de iniciação ao xadrez. 'Assim, sempre ficava quieto durante algum tempo'.
Da iniciação passou à 'especialidade'. E de tal forma se empenhou que os livros subiram rapidamente de nível.
'Tive a oportunidade de participar na Juventude e Trabalho e, quando tinha uns 14 anos, todo o dinheiro que ganhei, creio que eram 11 contos, gastei-o em Lisboa, na Livraria Portugal, a comprar livros de xadrez', lembra.
Desde os jogos organizados pelo INATEL, às iniciativas de Verão do FAOJ - actual Direcção Regional da Juventude -, em tudo Medeiros Gaspar participava. O objectivo era jogar com quem 'sabia mais' e evoluir.
'O objectivo do xadrez é jogar muito e com quem joga mais do que nós', explica.
Dos torneios de Verão passou para os campeonatos regionais, numa época em que o xadrez tinha muitos praticantes na Madeira. Os resultados foram bons: um título de campeão de juvenis e dois de juniores.
'Fui jogar aos campeonatos nacionais, sobretudo para aprender porque lá o ritmo era muito diferente, com mais jogadores e de nível elevado', reconhece.
Na 'Francisco Franco', onde foi presidente da associação de estudantes, recorda o feito de ter conseguido, com o 'apoio do professor Mateus e de outros colegas', fazer com que a escola jogasse xadrez. 'O bar parava para ver os jogos', garante. A ida para Lisboa, para a faculdade, não travou o gosto pelo xadrez, mas a competição federada passou para segundo plano.
Hoje, nem a política - embora jovem é um dos deputados com mais anos de parlamento - impede a prática do seu 'vício'. Só tem pena que a modalidade tenha 'desaparecido da Madeira'.
Recentemente, participou numa acção que serviu para marcar o regresso da secção de xadrez do CS Marítimo - na foto supra, surge à esquerda, jogando com Deodato Rodrigues.
Xadrez ensinado nas escolas


A vida segue rumos diferentes dos traços pelos sonhos. Medeiros Gaspar reconhece que sempre sonhou 'ser jogador de xadrez', jogar a um nível elevado, defrontar os grandes mestres. Era isso que sentia quando começou a jogar e espera ver transmitido às crianças que vão iniciar-se na modalidade.
O projecto da Escola do CS Marítimo agradou-lhe e, por isso, disponibilizou-se para colaborar. 'Eu nem sabia que a escola tinha, no seu projecto, o xadrez, o que é excelente'.
Gaspar não tem dúvidas de que é nas escolas, mesmo antes dos dez anos, que as crianças devem tomar contacto com um desporto intelectual que ajuda a desenvolver o raciocínio. É assim na maioria dos países que já produziram grandes campeões. O Leste da Europa é o principal exemplo.
Na Madeira, espera ver implementado um projecto de 'xadrez nas escolas'.

Carlsen vence a Final do Grand Slam 2011

Após um final electrizante, o Grande Mestre Magnus Carlsen vence a 4ª edição da Final do Grand Slam-São Paulo/Bilbao 2011.
O evento , disputado nas cidades de São Paulo e Bilbao, nos meses de setembro e outubro, despertou um grande interesse e foi acompanhado por muitas pessoas do mundo inteiro.
Participaram 6 dos melhores xadrezistas da actualidade, entre eles o actual campeão mundial de xadrez, Vishy Anand.
Vassily Ivanchuk, que liderou o torneio de ponta a ponta, foi alcançado na última rodada por Margnus Carlsen. Com a mesma pontuação, ambos tiveram que jogar uma partida de desempate sendo duas partidas com 4 minutos para cada jogador mais acréscimos.
Na primeira partida, Carlsen ganhou uma qualidade mas com vários peões em compensação, chegou-se a um final de torre contra cavalo com empate imediato. Na segunda partida, Ivanchuk com as brancas saiu com vantagem , mas logo, começou a jogar de maneira passiva e a vantagem passou para Carlsen, que dominou o meio jogo colocando grande pressão contra o rei de Ivanchuk. Com pouco tempo e com uma posição difícil de defender, acabou cometendo um erro fatal.
Desta maneira, Carlsen consagrou-se o grande campeão da Final do Grand Slam de xadrez 2011.
Classificação Final:
Carlsen - 15 pontos
Ivanchuk- 15 pontos
Nakamura- 12 pontos
Aronian- 12 pontos
Anand- 11 pontos
Vallejo Pons- 10 pontos

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MAGNUS CARLSEN

Quem olha para Magnus Carlsen pode achar que ele é apenas mais um jovem de 20 anos normal. O norueguês, desde pequeno, sempre gostou de futebol. No entanto, o rosto de criança esconde o maior prodígio da história do xadrez. Aos 13 anos, venceu os maiores jogadores do mundo e se tornou um dos atletas mais jovem a receber o título de Grande Mestre, a mais alta qualificação do Xadrez. E no ano passado, aos 19 anos, é o líder do ranking mundial, tornando-se o mais rápido a alcançar esse posto.

O jogo de xadrez simula um conflito entre dois exércitos: 16 peças para cada jogador que se movimentam em um tabuleiro com 64 casas. Milhões e milhões de possibilidades e posições, tudo isso viajando na mente humana em uma velocidade incrível. Carlsen usa o cérebro de uma forma única, especial, que pode revolucionar tudo o que sabemos sobre o raciocínio e o pensamento.

Segundo o pai, Henrik Carlsen, o filho mostrava habilidades especiais já na infância.

- Magnus tinha algumas habilidades que nos chamavam a atenção. Ele conseguia montar quebra-cabeças de 50 peças antes dos 2 anos. Com 4 ou 5, montava coisas fabulosas com Lego. Ele tinha uma habilidade incrível de concentração, de ficar focado em alguns tópicos por bastante tempo.

Henrik adorava xadrez, então, pegou um tabuleiro e tentou ensinar Magnus. Mas, aos 6 anos, o rapaz não quis nem saber daquele jogo, gostava mesmo era de jogar bola todos os dias. Vendo que iria perder a batalha, o pai não forçou. E foi por volta dos 9 anos que Magnus começou, espontaneamente, a jogar xadrez... no computador, nada de tabuleiro. E o pai apoiou:

- O computador é uma grande ferramenta para a aprendizagem. Ele usava o computador para várias outras coisas, e se sentiu confortável naquele ambiente. Os programas para jogar xadrez começaram a aparecer nos anos 90, justamente na geração dele - lembrou Henrik.

Jogar partidas com gente do mundo todo, desafiar amigos e estudar lances. Esses foram alguns dos atractivos que chamaram a atenção de Magnus para jogar xadrez pelo computador. Na época, o rapaz só queria aprender o jogo para vencer as grandes rivais: suas irmãs mais velhas.

- Entre os 9 e os 10 anos, ele começou a passar várias horas do dia jogando e estudando xadrez. Mas não como uma obrigação, nunca pedimos nada. Era um passatempo. Ele tinha essa vontade. Primeiro, queria ganhar das irmãs. Depois começou a estudar para me derrotar. E asssim foi - contou Henrik.

- Eu nunca tive mesmo um jeito científico de estudar xadrez. Eu simplesmente seguia minha curiosidade, minhas ideias. Acho que isso foi muito importante - revelou Magnus.

O processo de formação utilizado pelo menino norueguês era bem diferente dos adoptados pelos grandes jogadores do passado. Um dos Grandes Mestres de xadrez, tenta explicar as mudanças com o tempo.

- Enquanto nós nos espelhávamos nos melhroes jogadores do mundo, como Boby Fischer, e analisávamos as partidas dele, ele se espelha no melhor jogador de hoje, que é o computador, devido à capacidade de cálculo. O computador é melhor porque calcula mais, então ele desenvolve mais esse lado e de alguma forma chega próximo da capacidade de cálculo do computador. Não é igual, mas ele tira uma vantagem disso.

- No computador, você consegue informações muito rápido. O que significa que você consegue absorver conhecimento muito mais rápido do que no passado. Hoje, podemos aprender coisas em cinco anos que no passado levariam 20.

Basicamente, Magnus Carlsen começou aos poucos a pensar como um computador. Por conta da sua formação, ele desenvolveu uma habilidade espetacular de calcular e memorizar. Magnus guarda na cabeça cerca de 500 mil jogadas (meio milhão de possibilidades).

- Quando você treina com o computador, contra um adversário que realmente te coloca problema de cálculos muito complexos, você certamente é mais exigido e desenvolve mais. Não sei exactamente como é esse processo, mas basicamente é isso. Você treina com alguém muito melhor do que você e a tendência é se aproximar disso. E como o computador é muito melhor no cálculo, a tendência é que você melhore seu cálculo. Ele é mais exigido que as gerações anteriores, então o resultado é superior.

O trunfo de Magnus Carlsen é conseguir calcular mais rápido e, com isso, ele imagina como estará o tabuleiro de xadrez 20 lances à frente das pessoas comuns. Fica mais fácil prever as ações dos rivais e escolher a jogada certa. É o que conta o especialista no desporto Dirk Geuzendam.

- Você olha para o tabuleiro em um jogo dele e diz: não existe saída, está acabado. E aí, logo depois, Magnus escapa, com algo que ninguém havia pensado. Parece simples, mas é incrivelmente difícil fazer isso em um jogo de xadrez. Poucas pessoas têm esse talento: escolher precisamernte a jogada certa e fazer o que ninguém havia imaginado. É o que o Magnus faz.

Com essa habilidade toda, aos 13 anos Magnus já estava disputando torneios internacionais. Ele enfrentou e venceu, para a surpresa de todos, Anatoly Karpov, o melhor jogador do mundo por dez anos. O próximo desafio foi encarar aquele que é considerado até hoje o melhor de todos os tempos: Garry Kasparov, campeão mundial aos 22 anos e dono das mais altas pontuações internacionais do xadrez. Magnus conseguiu um empate contra o gênio do desporto, e parece que assustou o russo.

- Depois desse jogo o Kasparov foi embora correndo, nervosíssimo. Mas depois mandou um de seus livros autografados para a nossa casa e disse que podia dar umas aulas, uns conselhos a Magnus. Ele não se interessou muito no começo, mas tempos depois se deu conta que Kasparov sabia muito, muito mesmo. E que poderia ajudá-lo - disse Henrik Carlsen.

A partir dali, Magnus ganhava um grande tutor, o que faltava para o rapaz. O russo adorava computadores e sabia utilizá-los para analisar jogos e melhorar a performance. E foi isso que Kasparov ensinou a Magnus, a usar melhor a máquina. O menino foi lapidado até chegar ao posto de número 1 do ranking da federação internacional.

- Depois de um tempo, aprendi a usar mais os computadores para me prepaparar para enfrentar meus oponentes, porque existe muita base de dados sobre os jogos. E também para analisar meu próprio jogo para analisar meus erros - contou Magnus.

A questão central que os cientistas tentam entender é como Magnus consegue raciocinar tão rápido? Algumas pistas já surgiram. A teoria é: quando um jogador comum pensa para fazer um lance no xadrez, ele usa apenas o lado esquerdo do cérebro. Já Magnus e outros grandes jogadores conseguem trabalhar os dois lados, usando assim o dobro da capacidade de raciocínio e memória. Por isso é possível calcular e memorizar tanto.

O prodígio Magnus Carlsen voltou a chamar a atenção do mundo para o xadrez. Nos anos 80, por conta da Guerra Fria, o que acontecia no tabuleiro era questão de Estado. EUA x URSS ou Bobby Fischer x Boris Spassky. Norte-americano e soviético chegaram a decidir um título mundial. Nos anos 90, Homem x Máquina. Garry Kasparov também ganhou os holofotes quando desafiou computadores. Depois dele, o interesse pelo jogo caiu, até Magnus Carlsen.

- Todo grande jogador traz algo novo ao jogo, mas Magnus é especial. Ele parece agregar todo o conhecimento técnico dos campeões do passado, e consegue impor sua juventude e novas ideias para explorar novas posições, novos caminhos. Ele é um desbravador, e o xadrez precisa de desbravadores - finalizou Dirk Geuzendam.

Táctica

Partida de Xadrez entre Adams v Torre

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Aprender a Jogar Xadrez

No seguinte site da FPX (Federação Portuguesa de Xadrez)

Divulgação de conteúdos para quem quiser aprender a jogar xadrez

Benefícios do Xadrez



O xadrez não é só um jogo, não é só uma arte e nem é só uma ciência. O xadrez é a mistura de todos estes elementos. E é por esse e por muitos outros motivos que o xadrez é considerado uma óptima matéria para ser aplicada na escola. Você deve estar perguntando no que o xadrez influência na educação?
O Xadrez é o segundo desporto mais praticado no mundo , abaixo apenas do futebol. É um grande impulsionador da imaginação , que também contribui para o desenvolvimento da memória , da capacidade de concentração e da velocidade de raciocínio . Foi constatado que o Xadrez desempenha um importante papel socializante, por ensinar a lidar com a derrota e com a vitória , mostrando que a derrota não é sinônimo de fracasso nem vitória é sinônimo de sucesso.
O Xadrez é capaz de mostrar as conseqüências de atitudes displicentes, que não tenham sido previamente calculadas e, por conseguinte, estimula o hábito de refletir antes de agir, além de ensinar a arcar com as responsabilidades dos próprios actos.
O Xadrez é uma arte de grande beleza e apresenta imensa riqueza de possibilidades. É um passatempo agradável e instrutivo que entreteve grandes personalidades de nossa história como Napoleão, Einstein, Voltaire, Goethe, Montesquieu, Benjamin Franklin, Victor Hugo, Machado de Assis e Monteiro Lobato – para citar apenas alguns. E hoje é um esporte que pode ser jogado não presencialmente, através de redes de computadores como a Internet, estando o adversário em qualquer lugar do planeta, e por isso o que mais cresce em adeptos, sendo já considerado o desporto do novo milênio.
Se quisermos também uma explicação científica que mostre os benefícios práticos que podem ser alcançados pela prática desse esporte, poderíamos apresentar opiniões e pesquisas de psicólogos, intelectuais e instrutores de xadrez. Resumindo os resultados, conclui-se o Xadrez contribui para o desenvolvimento das faculdades mentais.
Num estudo realizado na ex-Alemanha Oriental, comparando o desenvolvimento de grupos de estudantes de diversas idades, separando-os em dois grupos: os que jogavam e os que não jogavam Xadrez, concluiu-se que:

  • O Xadrez estimula a atividade intelectual e estabiliza a personalidade de crianças e jovens durante seu crescimento. Isso é evidente, sobretudo, na puberdade: crianças que jogam Xadrez apresentam menos crises decorrentes das transformações dessa fase etária do que as que não jogam.
  • O raciocínio lógico e a capacidade de cálculo são estimulados, produzindo excelentes resultados no desempenho escolar, com destaque particularmente notável nos casos da Física e da Matemática.
  • Em aspectos gerais, os alunos que jogam Xadrez apresentam nítida superioridade em força de vontade, tenacidade, memória e concentração.
  • O Xadrez ensina a criança a avaliar as conseqüências dos seus atos , tornando-as mais prudentes e responsáveis. Também em pesquisas realizadas na Inglaterra, chegou-se à conclusão de que a concentração e a habilidade em formular e posteriormente concretizar planos no tabuleiro contribui significativamente para a tomada de decisões e execução das mesmas no jogo muito mais importante, que é o jogo da vida.
No caso das crianças e jovens, o Xadrez estimula o desenvolvimento intelectual; no caso dos adultos e idosos, o Xadrez contribui preservando por mais tempo a agilidade mental.

O valor educativo do xadrez

Partindo da premissa de que o desenvolvimento do raciocínio é elemento fundamental para que a cidadania se efective, apresentamos o jogo de Xadrez como complemento à educação escolar. Esta atividade proporciona não apenas mais uma opção de lazer, mas a possibilidade de valorizar o raciocínio através de um exercício lúdico. Segundo Charles Partos, mestre internacional suíço, o aprendizado e a prática do xadrez desenvolvem as seguintes habilidades:

  • a atenção e a concentração;
  • o julgamento e o planejamento;
  • a imaginação e a antecipação;
  • a memória;
  • a vontade de vencer, a paciência e o autocontrole;
  • o espírito de decisão e a coragem;
  • a lógica matemática, o raciocínio analítico e sintético;
  • a criatividade;
  • a inteligência;
  • a organização metódica do estudo;
  • o interesse pelas línguas estrangeiras.


Deve-se ter em mente que o Xadrez reproduz uma situação de guerra, mas num contexto lúdico. Cada jogador funciona como um general na condução de um exército. Suas decisões são fundamentais para ganhar ou perder a partida, reproduzindo em escala diminuta o que poderia acontecer em uma batalha.





Humano Vs Máquina

O duelo entre Kasparov e Deep Blue

O melhor jogador humano de xadrez entre os anos de 1986 e 2005, o arzebanês Garry Kasparov, foi o primeiro campeão mundial a ser derrotado por uma máquina.

Em 1997, o supercomputador conhecido como Deep Blue, criado por técnicos da IBM, venceu Kasparov numa série de seis partidas. A derrota deixou Kasparov humilhado a ponto dele dizer que os programadores haviam enganado e que, atrás dos movimentos da máquina, havia interferência de Grandes Mestres humanos. Em sua concepção, um movimento da segunda partida tinha sido criativo demais para um cérebro electrônico.

As acções da IBM ficaram tão valorizadas que a empresa preferiu desfrutar a vitória do que dar uma oportunidade de vingança. Então, o Deep Blue foi desmontado sob as acusações de Kasparov que descredibilizava completamente a vitória do supercomputador.

No ano de 2003, Kasparov venceu a primeira partida de uma série de seis contra o computador campeão mundial israelense chamado Deep Junior que estava invicto havia dois anos:

- Os computadores ainda têm muitos pontos fracos. – Disse na entrevista colectiva.

A partida terminou empatada, com uma vitória para cada e quatro empates.

Hoje é comum que computadores joguem torneios contra os humanos e entre eles mesmos. Mas o mais assustador de tudo isso é que as máquinas tornaram-se capazes de competir intelectualmente, ao menos no jogo de xadrez, com os seres humanos.

Xadrez - Uma ferramenta para a educação!

Uma ferramenta para a educação

Além de ser barato, este jogo também tem trazido inúmeros benefícios educacionais. Pesquisas comprovam que sua prática pode aumentar a concentração e a memória dos alunos, entre outras melhorias.

Na década de 1980, o professor do Instituto de Educação da Universidade de Londres, Robert Ferguson, realizou um teste que consistia em que todos os 14 estudantes do 6º grau da escola rural M.J.Ryan School, da Pensilvânia, Estados Unidos, tomassem lições de xadrez duas ou três vezes por semana.
Depois, Ferguson aplicou testes de memória de uma série de exames da Califórnia Achievement Tests e concluiu que a prática do jogo desenvolveu a memória dos estudantes e que essa habilidade foi transferida para a sala de aula.

Em 2004, no Brasil, foi aplicado durante três meses o ensinamento teórico e prático do jogo em 40 escolas do Piauí, Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, para uma turma de aproximadamente 6.400 alunos. O projecto foi desenvolvido pelo Ministério da Educação em parceria com o Ministério do Desporto. Ao final, identificou que os alunos que participaram da pesquisa demonstraram, principalmente, uma melhoria na capacidade de concentração em sala de aula.